terça-feira, 3 de maio de 2011

Lançado Projeto Caatinga Viva



O projeto foi um dos 44 aprovados pelo Programa Petrobras Ambiental
Políticos, líderes comunitários, representantes de sindicatos dos trabalhadores rurais, professores e estudantes lotaram na última quinta-feira (28) o auditório do Campus da Uern em Açu, onde aconteceu o lançamento do Projeto Caatinga Viva.
O projeto tem como objetivo principal mudar a matriz energética das principais indústrias do Vale do Açu - a lenha que alimenta os fornos das padarias, queijarias e, sobretudo, das fábricas de tijolos de toda a região.  As técnicas rudimentares de extração da madeira, aliadas ao crescimento da economia, estão intensificando o ritmo da devastação de um dos biomas mais raros do mundo - a caatinga, que só existe no semi-árido nordestino e que, aqui no Estado, ocupa 48.700 km2 do seu território.
Para reverter esse quadro,  está prevista a construção de uma fábrica de briquete - um tipo de lenha ecológica, fabricada com material orgânico prensado e seco.  O projeto irá atuar também na educação ambiental para conquistar o homem do campo para a causa da preservação da mata nativa. 
De acordo com o cronograma de implantação do projeto, a fábrica estará concluída em setembro desse ano.   Terá capacidade de produzir 4.680 toneladas do produto, por ano, substituindo o corte de quase 363 mil m3 de lenha, o que evitaria a exploração de 403 ha/ano da vegetação nativa da região.
Na solenidade, representantes dos cinco parceiros envolvidos no projeto - IFRN, Embrapa, Caern, Associação des Engenheiros Agônomos do RN e a ONG Carnaúba Viva -  falaram sobre o papel de cada instituição.   Ao IFRN caberá sediar a fábrica de briquetes, mais exatamente num terreno de 1000 m2 localizado no Campus Ipanguaçu.  
O pró-reitor de Pesquisa e Inovação do Instituto, prof. José Yvan Pereira Leite, explicou que para disseminar de maneira eficiente o uso dos briquetes, o Instituto vai incubar empresas formadas por agricultores da região, até que elas sejam capazes de caminhar por conta própria, tal como foi feito em outro projeto bem sucedido - o Projeto do Mel, que no ano passado passou a ser gerenciado integralmente pelos cooperados. 
"A fábrica de briquetes também será objeto de estudo e pesquisa de nossos alunos, que em breve ganharão aqui no curso técnico em Meio-Ambiente", comemorou o diretor-geral do Campus Ipanguaçu, prof. Evandro Firmino de Souza.  O diretor explicou que o curso começará a ser oferecido nas modalidades subsequente e integrada  no primeiro semestre do ano que vem.
A Embrapa vai fazer o estudo de vulnerabilidade ambiental da bacia do Baixo Açu e também  do manejo agronômico das plantas usadas como biomassa para a fábrica de briquetes.  O pesquisador da Embrapa e idealizador do projeto, Sílvio Tavares, explica que uma das principais matérias-primas utilizadas na fábrica é a palha da carnaúba, mas outras podem ser aproveitadas, como restos de poda de árvores.  "A lenha ecológica substitui a convencional com vantagens, já que seu poder calorífico é seis vezes superior", explica Sílvio, que também coordenará os estudos sobre a adaptação de outras espécies vegetais energéticas, como o capim elefante.
O presidente da Associação dos Engenheiros Agrônomos do RN, Auricélio Costa, disse que a entidade passa por uma renovação importante e que espera contribuir significativamente para a formação não só de técnicos extensionistas como também de profissionais de nível superior.  "Só mesmo com a educação podemos mudar esse quadro de devastação neste bioma tão importante para o nosso país", disse.
A Caern vai monitorar a quantidade e a qualidade dos esgotos domésticos dos municípios de Macau e Pendências para a plantação de espécies vegetais que também serão usadas como matéria-prima para a produção dos briquetes
 O projeto será gerenciado pela ONG Carnaúba Viva, sediada em Açu.  Ela será também responsável por ações de educação ambiental nas escolas públicas dos nove municípios beneficiados pelo projeto.
 "Não foi à toa que esse projeto foi selecionado entre os mais de 900 inscritos em todo o Brasil.  Reconhecemos nele qualidades que o farão bem sucedido.  Entre elas, as entidades que estão envolvidas na sua execução", disse a gestora de projetos do Programa Petrobras Ambiental, Adriana Oliveira.  Ela elogiou a iniciativa e reforçou a importância do projeto não só para o Vale do Açu, mas para todo o País, como exemplo de prática que promove o desenvolvimento sustentável, importante para a conservação de todos os biomas e não apenas da caatinga.

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